domingo, 23 de outubro de 2016

A fé merece a justificação

Agostinho diz no livro das Refutações que ele se enganou durante certo tempo acreditando que o início da fé está em nós mas a consumação nos é dada por Deus: erro de que se retrata. Ora, parece pertencer ao erro de que se retrata esse ‘ a fé merece a justificação’. Se porém supusermos, como exige a verdade da fé, que Deus nos dá o início dela, então o ato de fé já resulta da primeira graça, e portanto não pode merecê-la. Por conseguinte, o homem é justificado pela fé não porque crendo mereça a justificação, mas porque, sendo justificado, crê; pois o ato de fé é necessário para a justificação do ímpio [...]

Suma Teológica. I-II, Q. 114, a.5, ad.1.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Um herege tem fé?

É próprio de o herege fazer um exame livre da Bíblia, desse modo conhece a passagem do Anjo à Maria sem saber o real significado, ou seja, admite algo pelo próprio julgamento, como o chamamos de opinião ou fé humana. A Fé é um hábito intelectual- alcança as verdades primeiras- que por sua vez adere pela vontade e movido pela graça. Pois bem, esta fé o católico alcança por meio da Igreja, pois ela é a regra da verdade primeira. Portanto, assim como pelo um pecado mortal perde a caridade, conforme disse S. Tiago: “Quem vier a faltar num só de seus preceitos torna-se réu de todos”( Tg 2,10),  assim também aquele que descrê de modo pertinaz num artigo de fé proposto pela Igreja torna-se herege, o que indica que não tem a Fé.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

A fé pela caridade

800. (...) Na justificação é infundido no homem por Jesus Cristo, a quem está unido, ao mesmo tempo, tudo isto: fé , esperança e caridade. Porque a fé nem une perfeitamente com Cristo, nem faz membro vivo de seu corpo, senão se lhe juntarem a esperança e a caridade. Daí a razão de se dizer com toda a verdade: a fé sem obras é morta (Tg 2, 17 ss) e ociosa [can.19]; e em Jesus Cristo nem a circuncisão nem o prepúcio valem coisa alguma, mas a fé que obra pela caridade (Gl 5, 6; 6,15). (Concílio Ecumênico de Trento)


O Concílio cita de são Tiago que “a  fé sem obras é morta”. Há de distinguir-se então uma fé informe e outra formada. A primeira é uma fé morta, pois assim também é a vida do animal sem sua forma, a alma; a segunda é uma a fé que obra pela caridade, pois a caridade está para a fé, assim como a forma está para a matéria; ou seja,  a caridade é a forma da fé. 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O celibato católico


Há quem diga que a Igreja católica impôs o celibato por apenas uma mera sanção legal, senão que por uma razão mais excelente, razão essa dita pelos próprios lábios de Nosso Senhor Jesus Cristo:

10. Pareceram aos discípulos muito pesados os vínculos e encargos do matrimônio, que manifestara o divino Mestre, e disseram-lhe: "Se tal é a condição do homem a respeito de sua mulher, não convém casar" (Mt 19, 10). Respondeu-lhes Jesus Cristo que nem todos compreendem tal linguagem, mas só aqueles a quem isso é concedido, porque, se alguns são de nascença ou pela violência e malícia dos homens incapazes de se casar, outros há pelo contrário que por espontânea vontade se abstêm do matrimônio "por amor do reino dos céus"; e conclui dizendo: "Quem pode compreender, compreenda" (Mt 19, 11-12).




11. Com essas palavras o divino Mestre não trata dos impedimentos físicos do casamento, mas da resolução livre e voluntária de quem, para sempre, renuncia às núpcias e aos prazeres da carne. Pois, ao comparar os que fazem renúncia espontânea com aqueles que se vêem impedidos ou pela natureza ou pela violência dos homens, não é verdade que o divino Redentor nos ensina que a castidade, para ser perfeita, deve ser perpétua? (Encíclica  Sacra Vitginitas. Papa Pio XII)

domingo, 31 de janeiro de 2016

A palavra de Deus



(...) A semente é a palavra de Deus. Os que estão ao longo do caminho, são aqueles  que a ouvem; mas depois vem o demônio e tira a palavra do seu coração para que não se salvem crendo. (Lc 8, 12)




Guardemos a palavra de Deus em bom terreno. Peçamos-lhe a perseverança na fé cristã. Se a guardarmos com vontade fraca, logo esqueceremos. O demônio tenta-nos a fim de levar-nos a ruína. É lastimável  quando um cristão não possui critérios entre as virtudes e os vícios e, pior ainda , quando é levado para as seitas. Guardemos, insista-se, a nossa fé em raízes.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Crise da Fé

Se a fé é um hábito intelectual, todos têm a capacidade de aprender as verdades primeiras. A razão do declínio do catolicismo deve-se bastante nisso: já não se ensina a Fé. O atual catecismo é muito débil , não o está amparado sob rochas firmes (a Tradição da Igreja). Infelizmente o que se vê é uma fé sentimental, tal que se crepita no coração ao ponto de levar aos êxtases. Ora, não é próprio do sentir saber o que se crê.




Os artigos de fé estão expostos para conhecermos a ciência de Deus, o que nem antes os filósofos gregos tiveram, e depois da vinda de Cristo, uma simples velhinha a alcançou.

sábado, 23 de janeiro de 2016

A parábola dos trabalhadores da última hora


“O reino dos céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu a contratar operários para a sua vinha. E, tendo ajustado com os operários um denário por dia, mandou-os para a sua vinha”. (Mt 20, 1-2)

Como essa vida é miserável, um vale de lágrimas, e, ainda assim, amamo-la do que qualquer outro bem. Santo Agostinho ressalta que no céu cada um receberá um prêmio conforme seu zelo nos bens futuros.

Santo Agostinho, de sancta virginitate, 26



Dá a todos um denário, a recompensa de todos, porque será igualmente dada a mesma vida eterna. Haverá na vida eterna, na casa do Pai, muitas moradas e ressaltará nelas, de um modo diferente, o brilho dos méritos de cada um. O denário, que é o mesmo para todos, significa que todos viverão no céu, porém, a diferença de mansões, o que indica a glória distinta dos santos.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Comentário de Beda do Evangelho de São João


Três dias depois, celebravam-se umas bodas em Caná da Galiléia, e encontrava-se lá a Mãe de Jesus. Foi também convidado Jesus com seus discípulos para as bodas. E faltando o vinho, a Mãe de Jesus disse-lhe:” Não tem vinho.” (Jo, 2, 1-4)

Beda

Não carece de mistério quando se diz que as bodas se celebram no terceiro dia. Aparece o primeiro tempo do mundo, antes da Lei, pelo exemplo dos patriarcas. O segundo, sob o amparo da Lei, por meio dos escritos dos profetas. E o terceiro tempo brilha o tempo da graça (como a luz do terceiro dia) pelos sermões dos evangelistas, durante o qual o Senhor apareceu revestido de nossa carne.

Ademais, como se diz que estas bodas se celebram em Caná da Galiléia, demonstra-se em sentido figurado que somos muito dignos da graça de Jesus Cristo; aqueles que, distinguindo-se pelo fervor de sua piedade, passam dos vícios às virtudes, e sabem que emigram das coisas terrenas às celestes.


Estando já o Senhor nas bodas, faltou o vinho, objeto que manifesta a glória de Deus (oculta, abaixo da forma humana, por meio do vinho de melhor condição). Por isso se segue: “ E chegando a faltar o vinho, a Mãe de Jesus lhe disse: “Não tem vinho”.