domingo, 11 de setembro de 2022

A paciência

 

A paciência se ocupa de mais especial das tristezas. Diz-se que é paciente, não aquele que se recusa fugir das dificuldades, mas aquele que se comporta corretamente, aturando o que atualmente aflige, de modo a não cair na tristeza desordenada.

Não é possível ter a paciência sem a graça, não é o mesmo que suportar sofrimentos pela saúde do corpo, este procede do amor que o dedica, por natureza, à sua própria carne, enquanto preferir o bem da graça a todos os bens naturais cuja perda nos incomoda é da ordem da caridade que ama a Deus sobre as todas coisas.

Estamos na terra para fazermos penitência, não é ela, portanto, lugar de repouso, mas de trabalhar com sofrimentos. A prática da paciência se faz quando nos arrebata parentes e amigos, na pobreza, desprezos e perseguições, nas desolações espirituais, nas tentações, nas doenças. A resignação na vontade de Deus é bastante para assegurar a nossa salvação eterna.

sábado, 23 de julho de 2022

Transubstanciação da Eucaristia

 Sobre a transubstanciação da Eucaristia o protestante fez algumas objeções como provar o nosso dogma de fé: Se a transformação ocorre na matéria, deveria ocorrer no nível atômico, pois qualquer livro de física ensina que qualquer base da matéria é o átomo. Sendo assim, a substância seria a matéria qualitativa. Por outro lado, para explicar um milagre é preciso uma revelação de Deus e que os homens constate.

Primeiramente, a metafísica não é o mesmo que ciência, logo a primeira pode haver uma substância sem matéria, como os anjos. Segundo, a transubstanciação se passa por um milagre invisível sustentada pela fé, a metafísica apenas esclarece a mesma fé: os acidentes do pão e do vinho permanece, enquanto a carne e o sangue é sua substância. Como Deus é a causa primeira de todas os seres, pelo seu poder, a substância altera e permanece os acidentes. Portanto, não se trata de conversão segundo as leis da natureza, mudando sua forma, mas sobrenatural, de modo que altera a natureza do ser.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Sobre o indiferentismo religioso

 Trata-se do “indiferentismo”, ou seja, aquela perversa opinião que, por fraudulenta obra dos incrédulos, espalhou-se por toda parte, isto é, que em qualquer tipo de profissão de fé se pode conseguir a eterna salvação da alma, desde que os costumes se conformem à norma do reto e do honesto.


O Apóstolo afirma “haver um só Deus, uma só fé, e um só batismo”(cf. Ef 4,5). Temam aqueles que sonham que, velejando sob a bandeira de qualquer religião, se possa igualmente alcançar o porto da eterna felicidade.


(…) Desse modo, “sem dúvida sofrerão eternamente se não tiverem a fé católica, e não a conservarem íntegra e inviolada”.


Ouçam S. Jerônimo que, estando dividida por cisma em três partes a Igreja, conta que, tenaz como era no santo proposito, quando alguém tentava puxá-lo para o seu lado, levantando a voz respondia constantemente: “Quem está unido à cátedra de Pedro, está comigo”.


Papa Gregório XVI, Mirari vos


Pela lei divina os homens estão obrigados a aceitar a verdadeira fé

 Pela lei divina os homens estão obrigados a aceitar a verdadeira fé, pois como o homem se submete a Deus amando-o pela vontade, deve também submeter-se a Deus crendo pelo intelecto.

Com efeito, nada falso pode ser proposto por Deus, pois o bem do intelecto é a verdade. Assim como o vício é oposto à virtude, sendo próprio de Deus proibir os vícios, lhe é também próprio afastar as opiniões falsas.
Deus é a verdade, por isso quem crê em algo falso, não crê em Deus. Daí se ler nas Escrituras: Sem a fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6)
Suma contra os gentios, Santo Tomás.

domingo, 10 de julho de 2022

A ira

 

Todo aquele que se irar contra seu irmão será submetido ao juízo. (Mt 5,22)

As paixões da alma podem ser moderadas e submetidas à razão, de modo que quando for exercida a misericórdia se conserva a justiça.

Sendo assim, a ira é um desejo de punição que pode ser bom e pode ser mau.

Chama-se ira de zelo quando se deseja a punição para que se corrijam os vícios e se preserve justiça.

Seria pecado quando se almeja uma punição injusta.




domingo, 9 de dezembro de 2018

A necessidade da verdadeira fé


Deus nunca abandonou suas criaturas, desse modo nos deu as verdades da fé para a nossa eterna salvação. Assim, essas verdades implica neste dogma “Fora da igreja Católica não há salvação”. A objeção protestante é ”A salvação está em Cristo, não na igreja”. Ou seja, somente a Bíblia. Não negamos que a verdade que Cristo ensinou está Bíblia, mas a leitura individual nos leva a heresia, pois ninguém nasceu douto, ainda mais na Palavra de Deus. Porém, Deus quis fazer conhecer esta verdade, o qual é Cristo, e fácil averiguar que foi pela assistência de mestres fiéis e legítimos: “De que modo hão de ouvir sem pregador? E como hão de pregar, se não forem enviados?”(Rm 10,14-15).  A transmissão das verdades da "fé vem do ouvir” (Rm 1,20). Por isso, Cristo formou uma igreja, pois verifica-se que a uns fez Apóstolos; a outros, profetas; a a outros, pastores e mestres (Ef 4, 11). Daí a necessidade da igreja para nos ensinar a verdade. Comprova-se que esses mestres fiéis e os legítimos pastores  pertencem a igreja Católica, pois os seus santos que transmitiram estavam seladas com o selo de Deus, os milagres. Então, a doutrina da Igreja Católica é verdadeira não só pelo que se ensina mas também obras.

domingo, 18 de novembro de 2018

A fé



A fé é uma virtude sobrenatural infundida por Deus, desse modo acreditamos tudo o que Ele revelou, mas por meio da Santa Igreja. Sendo a Igreja coluna e sustentáculo da verdade (l Tim 3,15), Deus concedeu a São Pedro a infalibilidade das verdades reveladas. Esse é o depósito precioso que Nosso Senhor Jesus Cristo empenhou a sua palavra e preserva na sua Igreja. Ao contrário,  sem o conhecimento da verdade a fé é falsa mesmo nas pessoas retas (Comentário de Santo Agostinho da carta aos Romanos- " Tudo o que não procede da fé é pecado" (14,23)). Por isso, é imprudente  acreditar em qualquer pregador que apareça ainda que tenha boa moral . Por certo que ninguém pode ser aceito por Deus sem a fé. “Sem a fé impossível agradar a Deus” (Heb 11,6).

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Eterna Sabedoria se oferece para salvar-nos





             Vendo então a Sabedoria eterna que nada no mundo poderia expiar o pecado do homem, satisfazer a justiça e aplacar a cólera de Deus, anelando todavia salvar o homem que por inclinação amava, encontrava um meio admirável. Coisa espantosa, amor incompreensível que vai ate o excesso! Esta admirável Princesa oferece-se ela mesma em sacrifício ao Pai, a fim de satisfazer sua Justiça, acalmar sua cólera, retirar-nos da escravidão do demônio e das chamas do inferno, merecer-nos uma eternidade feliz.

 Monfort, Amour de La Sagesse Eternelle.

Seja a Virgem minha advogada no dia do meu Juízo.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A avareza como pecado capital

A raiz de todos os males é a avareza ( I Tm 6,10).

A avareza é o imoderado apetite das riquezas. É nesse sentido que fala o Apóstolo.
O pecado tem sua origem no apetite dos bens mutáveis, e por isso o desejo destes bens que ajuda a obter todos os bens deste mundo é chamado a raiz dos pecados, à maneira de uma raiz que fornece o alimento à árvore inteira.

Vemos, de fato, que o homem adquire com a riqueza a faculdade de cometer qualquer pecado e de realizar o desejo de qualquer pecado, porque o dinheiro pode ajudar a adquirir quaisquer bens deste mundo, segundo o livro do Eclesiastes: “Tudo obedece ao dinheiro”( 10,19). E assim fica claro que a cupidez das riquezas é a raiz de todos os pecados.


                                                                        Fonte: Adaptação minha da ST I-II, 84, 1.

domingo, 23 de outubro de 2016

A fé merece a justificação

Agostinho diz no livro das Refutações que ele se enganou durante certo tempo acreditando que o início da fé está em nós mas a consumação nos é dada por Deus: erro de que se retrata. Ora, parece pertencer ao erro de que se retrata esse ‘ a fé merece a justificação’. Se porém supusermos, como exige a verdade da fé, que Deus nos dá o início dela, então o ato de fé já resulta da primeira graça, e portanto não pode merecê-la. Por conseguinte, o homem é justificado pela fé não porque crendo mereça a justificação, mas porque, sendo justificado, crê; pois o ato de fé é necessário para a justificação do ímpio [...]

Suma Teológica. I-II, Q. 114, a.5, ad.1.